segunda-feira, 9 de maio de 2011

Síndrome de Garfield, Simpsons e Columbine - a influência dos meios de comunicação

"Eu odeio segundas-feiras." é a afirmação de um gato laranja listrado gordo, preguiçoso, idiossincrásico, que adora lasanha e é claro, odeia segundas-feiras e que de uma tirinha de jornal se transformou em livro, desenho, filmes e que deu um lucro danado para seu criador, Jim Davis. Muitas pessoas se identificam com este gato que de tão besta se tornou engraçado e simpático. E por que? Talvez porque a maioria das pessoas odeia segundas-feiras.
E por que a maioria das pessoas odeia segundas-feiras? Eu poderia arriscar uma série de explicações mais ou menos lógicas derivadas de coisas como "odeio meu trabalho", "odeio estudar", "odeio acordar cedo e começar mais um dia de mais uma semana estiolante de uma vida tediosa e insatisfatória", mas a que eu considero mais pertinente é que odiar segundas-feiras é um meme, uma espécie de vírus mental disseminado através de muitas afirmações negativas coroadas pelo sarcasmo deste gato que se tornou mundialmente famoso, Garfield.
Neste ponto Jim Davis foi brilhante em criar um personagem que ironiza características do americano mediano que come demais, assiste muita TV, é consumista e humaniza seus animais de estimação, através dos personagens do gato e seu dono Jon Arbuckle. Outro grande sucesso caracterizado por uma crítica ao modo de vida americano é a família amarela os Simpsons, de Matt Groening cujo pai, Homer, tornou-se o personagem fictício mais influente da televisão.
O sucesso atingido por estes dois personagens mostra como se tornou fácil difundir memes e hábitos negativos como um alto índice de consumo de alimentos e produtos culturais com um baixo índice de qualidade.
E não foi o american way of life disseminado pelo mundo afora com seus Mc's, Coke's e King's? O mundo todo - de cubanos a chineses - queria ser como eles, comer como eles, consumir como eles. Isso até o país ser atingido no 11 de setembro e pela crise econômica. Pensando assim, hoje careceríamos de um modelo. Mas não. No fundo continuamos sendo homers e como Garfield, seguimos odiando as segundas-feiras. E agora já temos até nossos próprios assassinos em massa invadindo nossas escolas e matando nossas crianças. E nem precisamos importar terroristas, porque já os produzimos e formatamos. E  já que de enchentes e desabamentos estamos ficando descolados, agora só nos falta mesmo terremotos. (você provavelmente já deve ter ouvido algo semelhante...). 
Tráfego e tráfico, crise financeira, bulling e tiros na escola: salve a mídia e a Internet que ocupam diária e exaustivamente nossas mentes com todo tipo de notícias pesadas que alimentam nosso medo, insegurança e desespero e que fazemos questão de propagar em nossas conversas cotidianas.
São péssimos memes que estamos ajudando a difundir todos os dias ao desfiar nosso rosário de cantilenas queixosas de nossas reclamações contumazes e previsões apocalípticas. E não é que no mundo só aconteçam coisas horríveis e desgraças, mas 'avião que está no ar não dá notícia'. E nem ibope. 
Bem, pessoas. Talvez esteja na hora de girar o dial e mudar a estação. E o primeiro passo pode ser começar a apreciar as segundas-feiras. Depois, quem sabe, poderemos tentar encontrar modelos melhores para seguir e parar de propagar memes negativos como "o massacre de Realengo abriu um precedente no país" ou "a partir de agora, viveremos marcados pelo medo" (esta última publicada em negrito na Revista Istoé edição 2161). Não tomemos um fato isolado como padrão, nossos filhos merecem mais que isso. Eles merecem pais equilibrados e assertivos. Para eles, nós sempre seremos os modelos. 
Não deixemos essa responsabilidade por conta dos meios de comunicação. A função dos profissionais da imprensa e televisão é, além de informar e divertir, vender produtos, de jornais e revistas a papel higiênico.
Cabe a nós escolher a freqüência de onda onde sintonizar nossa consciência e disseminar memes positivos para tentar neutralizar a negatividade que grassa no mundo. Produzir bons frutos. 
Comecemos por nossos filhos, estando atentos a eles, orientando e apoiando, respeitando e amando e projetando as qualidades que gostaríamos de ver florescer neles e não os defeitos que pensamos que degeneram. 
A propósito, você já abraçou e elogiou sua filha ou seu filho hoje?





"Não sejais como as mulas que escoceiam e não entendem." Ortega y Gasset

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