terça-feira, 5 de julho de 2011

Não faço análise. Eu danço, eu canto, eu crio, eu amo!

Hoje, após de cerca de seis meses, fui rever minha professora de Reeducação do Movimento (em novo endereço) e minhas colegas de turma. Encontrei um tempo em minha agenda caótica (que me faz pensar o que aprendi sobre administração de tempo nos tempos idos da faculdade de administração), peguei uma carona com minha adorável vizinha Suzana e fui celebrar minha 'mestra' um dia após seu aniversário. Fora a alegria de rever pessoas tão queridas e ser tão bem recebida, fazer os exercícios, sob a batuta competente da Aninha - com os bastões e elásticos - e sentir a descompressão no corpo, osso a osso, vértebra por vértebra, ocupando seus lugares de direito, depois de passar horas diante do computador pensando e escrevendo, realmente é incrível. "Olha, eu tenho um corpo", pensei. Melhor mesmo, só nossa dancinha no final. Erro o tempo todo a coreografia, obviamente, mas é uma diversão sem fim. Isso não tem preço.
"Não faço análise, eu danço" - foi o que li inscrito nas costas da camiseta de Rosana enquanto eu estava no estica e puxa tentando desenferrujar. E há muito não lia uma frase com tanto sentido para mim. 
Hoje estou com uma sensação muito pungente de que a felicidade é muito simples e está ao alcance de todos. O que não exclui, certamente, as complexidades naturais da vida. E o desafio constantemente renovado.
E vejo uma natural inclinação do ser humano para complicar ainda mais algo já tão intrincado quando, muitas vezes, basta parar por um momento, respirar profundamente, soltar o corpo um tantinho, cantar um outro tanto e dançar! Dançar a vida e o momento. E quem sabe se perder um pouco nos braços de alguém que ama, só por um minuto! E sorrir, embora as vezes doa....
Para o que já é, não é preciso requisição em 'duas vias de igual teor'. Para o que não é para ser, basta carimbar e arquivar. As vezes me pergunto porque tanto esforço... 
Ser é infinitamente o maior desafio humano. Estar é arte perdida. Só nos restou o hábito do pensar, falar e fazer. Sentir é língua estrangeira, pode-se deduzir, mas não entender. "Amor é palavra para espertos" e sexo é moeda de troca. O que deveria ser a nossa maior oportunidade de conexão com a FONTE, a dobradinha amor e sexo se transformou em um troço tão complicado ligado a moral, às carências emocionais, às turbulências psíquicas, a contratos e prisões e com uma inclinação tão humana para o profano que até mesmo 'o sexo sagrado' da 'filosofia tantra' vem sendo vilipendiado tanto pela ignorância de alguns quanto pelo oportunismo de outros (mais isso é assunto para outro texto). Salvos estamos por aqueles que dedicam toda uma vida ao que lhe é sacro: seja a arte, a música, a dança, o teatro ou os sentidos. Sim, precisamos 'ganhar a vida' e nosso sustento, porque temos fome, uma fome persistente, el hambre del alma. 
Para aqueles que estão se distanciando de seu eu mais sagrado por intelectualismos e outros 'ismos' eu pergunto: afinal, o que sabemos? Se grande parte de tudo o que vemos é um grande mistério que apreendemos apenas em parte... ? 
Mergulhar nesse grande mistério a partir do próprio corpo ou no corpo do outro não tem preço. Para todas as outras... bem, vocês sabem a resposta.

"O ódio e o amor sobrevivem em mim
e tudo o que amo, meu ódio consome
tudo o que odeio, meu amor sublima... 
Minha alma tem fome. 
Será que é assim que se elimina o änima?" (RS)

Agora deixo para vocês uma alegria simples e os desafio a permanecer sisudos, circunspectos ou tristes:





Um comentário:

Arlete Figueiredo Muoio disse...

Lu, nesse texto você se superou !
Simplesmente maravilhoso !!!
bj