Hoje, após de cerca de seis meses, fui rever minha professora de Reeducação do Movimento (em novo endereço) e minhas colegas de turma. Encontrei um tempo em minha agenda caótica (que me faz pensar o que aprendi sobre administração de tempo nos tempos idos da faculdade de administração), peguei uma carona com minha adorável vizinha Suzana e fui celebrar minha 'mestra' um dia após seu aniversário. Fora a alegria de rever pessoas tão queridas e ser tão bem recebida, fazer os exercícios, sob a batuta competente da Aninha - com os bastões e elásticos - e sentir a descompressão no corpo, osso a osso, vértebra por vértebra, ocupando seus lugares de direito, depois de passar horas diante do computador pensando e escrevendo, realmente é incrível. "Olha, eu tenho um corpo", pensei. Melhor mesmo, só nossa dancinha no final. Erro o tempo todo a coreografia, obviamente, mas é uma diversão sem fim. Isso não tem preço.
"Não faço análise, eu danço" - foi o que li inscrito nas costas da camiseta de Rosana enquanto eu estava no estica e puxa tentando desenferrujar. E há muito não lia uma frase com tanto sentido para mim.
Hoje estou com uma sensação muito pungente de que a felicidade é muito simples e está ao alcance de todos. O que não exclui, certamente, as complexidades naturais da vida. E o desafio constantemente renovado.
E vejo uma natural inclinação do ser humano para complicar ainda mais algo já tão intrincado quando, muitas vezes, basta parar por um momento, respirar profundamente, soltar o corpo um tantinho, cantar um outro tanto e dançar! Dançar a vida e o momento. E quem sabe se perder um pouco nos braços de alguém que ama, só por um minuto! E sorrir, embora as vezes doa....
Para o que já é, não é preciso requisição em 'duas vias de igual teor'. Para o que não é para ser, basta carimbar e arquivar. As vezes me pergunto porque tanto esforço...
Ser é infinitamente o maior desafio humano. Estar é arte perdida. Só nos restou o hábito do pensar, falar e fazer. Sentir é língua estrangeira, pode-se deduzir, mas não entender. "Amor é palavra para espertos" e sexo é moeda de troca. O que deveria ser a nossa maior oportunidade de conexão com a FONTE, a dobradinha amor e sexo se transformou em um troço tão complicado ligado a moral, às carências emocionais, às turbulências psíquicas, a contratos e prisões e com uma inclinação tão humana para o profano que até mesmo 'o sexo sagrado' da 'filosofia tantra' vem sendo vilipendiado tanto pela ignorância de alguns quanto pelo oportunismo de outros (mais isso é assunto para outro texto). Salvos estamos por aqueles que dedicam toda uma vida ao que lhe é sacro: seja a arte, a música, a dança, o teatro ou os sentidos. Sim, precisamos 'ganhar a vida' e nosso sustento, porque temos fome, uma fome persistente, el hambre del alma.
Para aqueles que estão se distanciando de seu eu mais sagrado por intelectualismos e outros 'ismos' eu pergunto: afinal, o que sabemos? Se grande parte de tudo o que vemos é um grande mistério que apreendemos apenas em parte... ?
Mergulhar nesse grande mistério a partir do próprio corpo ou no corpo do outro não tem preço. Para todas as outras... bem, vocês sabem a resposta.
"O ódio e o amor sobrevivem em mim
e tudo o que amo, meu ódio consome
tudo o que odeio, meu amor sublima...
Minha alma tem fome.
Será que é assim que se elimina o änima?" (RS)
Agora deixo para vocês uma alegria simples e os desafio a permanecer sisudos, circunspectos ou tristes:
Um comentário:
Lu, nesse texto você se superou !
Simplesmente maravilhoso !!!
bj
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