terça-feira, 25 de junho de 2013

"A paz dos profetas e a angústia dos que amam a democracia"

imagem da propaganda de Johnny Walker
Estou retornando a este blog porque o "gigante acordou", porque as pessoas foram às ruas movidas por um ímpeto de mudanças, influenciadas pelas redes sociais e pela e mídia, manipuladas mal sabe-se ainda por quais grupos ou interesses. Estou retornando porque eu acordei, porque abri uma porta que fechara há muito tempo. Eu sou, literalmente, filha da ditadura. Meu pai era um militante comunista e foi morto durante o Regime Militar, nos idos de 1972. Desde cedo, optei por não me engajar politicamente, muito embora tenha votado desde sempre no PT e ajudado a eleger o Lula e a Dilma. Herdei do meu pai o inconformismo, mas não a militância. Vejo que estava errada. Hoje, vendo a jovem democracia não consolidada de nosso país indo para a UTI em estado grave, vejo que talvez sua morte e de muitos outros que lutaram contra a ditadura militar tenha sido em vão.
Desde o princípio das manifestações eu senti algo estranho no ar. Como moradora da região no entorno da principal avenida de São Paulo onde essas ocorreram, sentindo-me privada de meu direito legítimo de ir e vir e de discordar, quase subordinada a um toque de recolher, assistindo de minha janela as ruas literalmente pegando fogo por ação de grupos que não pareciam "não ter uma bandeira política", senti a tensão crescendo em mim e no ambiente culminando numa perplexidade atônita. O desejo era gritar: "o que vocês estão fazendo?". Porém, na primeira semana do conflito resolvi silenciar e observar, lendo tudo o que podia sobre o que estava acontecendo, de várias fontes e não somente da imprensa oficial e me informando através de pessoas que participaram das manifestações, professores e militantes de esquerda. Constatar o que os manifestantes ajudaram a desencadear foi realmente assustador.
Hoje, após os primeiros e óbvios resultados da tal "revolução das ruas", sinto-me no direito (e quase na obrigação) de compartilhar tudo o que vi e ouvi durante os tais "sete dias que mudaram o Brasil" (e que foram, na verdade, bem mais que sete dias).
O que assisti principalmente foi uma grande mobilização das massas através das redes sociais, por isso o retorno ao tema Consciência na Rede e do blog que existe desde os idos de 2007, quando publiquei como co-autora da perita digital forense Arlete Muoio, o livro Crimes na Rede - O Perigo que se esconde atrás do Computador, onde buscávamos denunciar e orientar os usuários sobre os riscos do uso não consciente da Internet e redes sociais. Este blog foi uma tentativa de expandir a reflexão sobre em quais frequências sintonizamos nossa energia e qual a contribuição estamos dando individualmente para o advento de uma consciência coletiva, que resultou no livro Consciência na Rede - Reflexões sobre a Vida Cotidiana.
Acompanhe, nas próximas horas, tudo o que venho descobrindo acerca do aparente movimento "espontâneo" de insatisfação do "povo" que foi às ruas para reivindicar seus direitos e minhas reflexões acerca do poder da mídia e das redes sociais em incitar, mobilizar e manipular o indivíduo.
Depois de tanta tensão, hoje sinto "a paz dos profetas... e a angústia dos que amam a democracia".

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