imagem do filme A Onda |
Creio que muitos dos que foram às ruas participar das manifestações nos próximos dias sentirão essa sensação que Few descreve, se identificarão com este texto. Mas eu responderia a Few: sim, temos de aprender com isso e não podemos fugir da dor e tampouco lidar com ela provocando mais dor; mas não podemos nos esquecer, jamais, do que a causou inicialmente, de nossas ações e do resultado delas, para que não voltemos a repeti-las.
Sobre as manifestações, meus jovens amigos e parceiros de trabalho, colegas de minha filha e filhos de meus amigos foram as ruas em massa, incitaram outros que fossem, criticaram duramente os que não foram e se deliciaram por alguns breves momentos com a sensação advinda da união.
Gostaria de fazer um apelo para que os que não assistiram o filme A Onda - um filme de Dennis Gansel, de 2009 - que assistam e que aos que assistiram, que o revejam sob a luz dos fogos ateados ao lixo e aos caminhões de reportagem durante às manifestações. Ele ilustra muito bem como um único indivíduo (ou grupo) é capaz de influenciar uma massa de pessoas sequiosas por mudanças, e conduzi-la como rebanho.
Neste filme, você encontrará muitos dos elementos presentes nas manifestações (incluindo o uso da roupa branca - o branco representando unidade, não-identidade e sendo utilizado por grupos apartidários ou extremistas - e o que acontece aos dissidentes).
E reflitamos: um dos principais fatores que levam as pessoas a se organizar em grupos para manifestar-se é a necessidade de pertinência (sentir-se pertinente a um grupo), de mudança de status quo (insatisfação), de importância (participar de um evento histórico, fazer parte da história) e até mesmo de compartilhar dessa energia pulsante e viva que o grupo emana, o que qualquer grande evento de rock pode proporcionar.
Aos que estiveram presentes a essa grande festa do povo hipoteticamente se manifestando por seu direito de se manifestar e que continuam se manifestando, fica a questão: pense no que o motivou inicialmente, como isso se deu, o que você aprendeu e ganhou com isso, na provável (e não provada) articulação de um ou mais grupos cujo objetivo (talvez escuso) ainda pode estar um pouco nebuloso e nas prováveis reverberações do movimento.
Afinal, se o gigante realmente acordou, não o deixemos dormir novamente. Vamos fazer o barulho que for preciso para que ele possa se manter realmente desperto.
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